Preço dos imóveis supera inflação em 2024, mas crescimento deve ser menor em 2025

Em 2024, o mercado imobiliário brasileiro apresentou um crescimento expressivo nos preços, com uma valorização média de 7,7%, conforme levantamento do Índice FipeZap. Esse aumento superou a inflação do período, estimada em 4,64%, refletindo um cenário de demanda aquecida e condições favoráveis para o setor ao longo do ano. Embora a maior cidade do país, São Paulo, tenha registrado uma alta de 6,56%, outras capitais apresentaram percentuais ainda mais elevados, como Curitiba (18,0%), Salvador (16,38%) e Belo Horizonte (12,53%). Rio de Janeiro e Brasília tiveram os menores aumentos, com 3,13% e 3,71%, respectivamente. Não houve registro de quedas nos preços das capitais monitoradas.

O aquecimento do mercado foi atribuído a uma combinação de fatores, como a recuperação econômica, a queda do desemprego, o aumento da renda e os incentivos do governo para programas habitacionais populares. Coriolano Lacerda, gerente de Pesquisa e Inteligência de Mercado do Grupo OLX, destacou que a expectativa de redução dos juros no início do ano contribuiu para a ampliação do crédito imobiliário, estimulando a busca por imóveis. Contudo, o cenário se reverteu no final do ano, com a alta das taxas de juros, o que diminuiu a capacidade de financiamento e afastou parte dos potenciais compradores.

A elevação das taxas de crédito imobiliário por instituições como Caixa, Santander, Itaú e BRB aumentou o valor das parcelas, restringindo o acesso de muitas famílias ao mercado. Segundo Ana Maria Castelo, da Fundação Getulio Vargas (FGV), um aumento de 1 ponto percentual nos juros pode excluir cerca de 550 mil famílias do mercado imobiliário. Ela alertou que os segmentos de médio e alto padrão podem enfrentar maiores dificuldades para manter a tendência de crescimento.

Para 2025, a expectativa é de um crescimento mais moderado nos preços, alinhado à inflação, com estimativas em torno de 5%. O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Renato Correia, afirmou que o ano será desafiador para as construtoras, devido ao aumento dos custos com mão de obra, materiais e capital. Entre novembro de 2023 e novembro de 2024, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) subiu 6,34%, com um aumento de 8,22% nos gastos com mão de obra e de 5,18% com materiais e equipamentos.

Diante desse cenário, as construtoras terão dificuldade em repassar integralmente os aumentos para os preços finais, uma vez que a capacidade de pagamento do consumidor não acompanha a alta dos custos. Cyro Naufel, diretor institucional da imobiliária Lopes, observou que, mesmo assim, os aumentos nos imóveis novos tendem a puxar os preços dos usados, já que muitos compradores vendem suas moradias para dar entrada em novas aquisições.

Apesar das dificuldades, o mercado imobiliário mantém uma perspectiva otimista para 2025, impulsionado pela resiliência da demanda e pela continuidade do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), que oferece condições diferenciadas com juros subsidiados. Naufel acredita que os lançamentos e as vendas podem crescer entre 5% e 10%, reforçando a importância de políticas públicas e estratégias de financiamento para equilibrar os desafios do setor.

(Redação ClickImóveis com Broadcast / Foto ClickImóveis)