O setor de cimento no Brasil encerrou 2024 com sinais de recuperação. Dados do Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC) revelam que foram comercializadas 64,7 milhões de toneladas do insumo no último ano, um avanço de 3,9% em comparação a 2023, com um saldo adicional de 2 milhões de toneladas.
A região Norte destacou-se como a de maior crescimento proporcional, com um aumento de 10%, embora ainda represente uma fração do consumo do Sudeste, onde a alta foi de 2,8%. Esses resultados poderiam ter sido ainda mais expressivos, mas os eventos climáticos extremos, como enchentes no Rio Grande do Sul e secas severas no centro do país, limitaram parte das vendas.
Recuperação Lenta Após Queda no Mercado
Após dois anos consecutivos de retração — 2,8% em 2022 e 0,89% em 2023 —, o setor ainda opera abaixo dos níveis registrados em 2014, quando as vendas alcançaram 73 milhões de toneladas. Naquela época, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) injetava recursos em infraestrutura, um cenário que mudou drasticamente com a crise econômica iniciada em 2015.
Apesar disso, o desempenho de 2024 foi impulsionado por fatores como a recuperação do mercado de trabalho, o aumento da massa salarial e a retomada de obras habitacionais, especialmente do programa Minha Casa, Minha Vida.
Desafios que Persistem
Mesmo com os avanços, a indústria do cimento enfrenta desafios estruturais. Taxas de juros elevadas, custos crescentes de mão de obra e altos níveis de endividamento e inadimplência das famílias impactaram o setor. Além disso, a expansão do mercado de apostas esportivas começou a afetar o orçamento doméstico, reduzindo o consumo em reformas e pequenas obras, que ainda representam mais de 50% do mercado de cimento.
Críticas também foram direcionadas à lentidão na liberação de recursos do novo módulo do PAC, que sofreu cortes importantes. A valorização do dólar segue pressionando os custos da construção civil, embora o setor aposte em soluções sustentáveis, como o uso de resíduos industriais na fabricação do cimento, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis nos fornos industriais.
Perspectivas para 2025
De olho no futuro, o SNIC projeta um crescimento tímido de 1% em 2025, amparado em investimentos previstos nos setores de habitação, saneamento e infraestrutura logística. O calendário de concessões previsto para o primeiro semestre pode trazer um impulso adicional.
Enquanto os desafios persistem, a indústria do cimento segue encontrando formas de inovar e sustentar seu crescimento, apostando na sustentabilidade e na retomada de projetos estruturantes para fortalecer sua posição no mercado.
(Redação ClickImóveis com Agência Brasil / Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil/Arquivo/Divulgação)